quinta-feira, 25 de março de 2010

É, foi quase.

Alguém já pensou no dia perfeito, na praia perfeita, uma praia linda. Sim? É, acho que todos, bom, já aconteceu isso comigo um dia (quase) perfeito, na praia perfeita.

Bom, eu pensava comigo mesmo. "Cá estamos, olha, que bela praia, altos e majestosos coqueiros, folhas verdes, casca grossa, nossa, que areia branca, muito branca, e meu deus, mesmo estando quente, ela não está pelando (sério, quem não deseja isso?), que mar azul, olha, mas de perto ele é tão cristalino, e limpo, que bonito, olha, miniaturas de peixes! Adoro essas miniaturas, nossa, é nesse quiosque que vamos ficar? Meu deus! Ao invés de cadeiras tem redes, nossa, que perfeito, um teto coberto de palha, sem o sol na cara, só pequenos, finos, e importantes raios de sol, boa comida servida em mesas perto de nossas lindas e confortáveis redes, bebida gelada, o tempo lindo, quase sem nuvens, o calor, nem frio, nem insuportável, o tempo perfeito pra ir a praia, bom, se bem que ficar na folga, não é tão bom né? Ok, até que sim, mas vamos fazer algo vai! Vamos dar um mergulho com os peixinhos, isso! Nossa, isso é que é água, não é muito gelada, mas também não é quente, como o tempo naquele dia, no ponto, sem algas nos pés, sem conchas me cortando, olha, isso sim é que é praia, ah, chega de mar. O que fazemos agora?"

Enquanto pensava em minha questão dramática, só fiquei lá, parado, sentado, em frente ao mar, no silêncio, porque às vezes o bom é ouvir o mais absoluto silêncio, para podermos não ouvir mais nada além de nossos pensamentos, ou como chamam alguns de "brisa", pensar na vida, bom, como quiserem, fiquei lá, esqueci de pensar no que fazer, mas às vezes, esquecer o que fazer, é o que fazer, voltei a olhar o mar, indo e voltando, como tudo nessa vida, porque a vida não é só maravilhas, às vezes ela vêm e volta, porque a vida dá voltas, é só entrar na roda dela.

Bom, algum barulho interrompeu meus pensamentos, olhei pra trás, perguntando a mim mesmo, o que teria atrapalhado aquele momento, seria um esquilo? Não, não tem esquilos no Brasil(ok, chega de esquilos por uns dias, estou delirando), pensei em ir descobrir o que havia me atrapalhado, mas como eu sou mais uma vítima da preguicite aguda não fui (não gente, isso não mata, ou dois terços da população mundial estaria morta), esperei o barulho vir até mim, esperei, esperei, esperei... Até que o barulho veio, era um som de carro, conseguia vê-lo dali onde eu estava, era um gol qualquer, bom, em que isso pode atrapalhar, comecei a observar quem sairia daquele misterioso gol preto, com aquele insufilme, o mais escuro possível, para atrapalhar mais minha visão, e me intrigar mais ainda, saiu daquele pequeno gol, cinco jovens, pareciam o típico tipo de filhos de pais classe média, pais separados, que dão quase tudo aos filhos, o gol deve ter sido presente por ter se formado, ou algo assim, em que eles atrapalhariam? São só alguns jovens procurando diversão, deixa eles serem felizes, pediram uns petiscos uma cerveja, um deles resolveu finalmente abrir a boca "Peraí galera, o que é uma cerva gelada sem uma músiquinha certo?", seus amigos gritaram concordando, imaginei que ele iria pegar seu iPod, sua caixinha de som portátil e colocar um som baixo, o que? Um rock, um pouco MPB, não sei, até um pouco de pop, pode ser, mas não. O que me parecia ser proprietário do carro, abriu seu porta-malas, e todas as quatro portas do seu compacto carro, revelando um sistema de som, grande, quatro caixas de som e uma gigante em forma de circulo bem no meio, mais as auxiliares espalhadas pelas quatro portas, ele mexia na tela touch-screen que lhe permitia escolher e navegar entre suas músicas, ele clicou em algo, ficou esperando, olhando pra sua "galera" com um sorriso maroto esboçado em sua face, começou algo, parecido com uma batida, ok, estava bom até, a "galera" curtia animada, parecendo reconhecer a música, francamente, não reconhecia a música, se formou outro tipo de som, eu estranhei, perguntei a mim mesmo "não pode ser, não é o que eu to pensando, certo, que não seja, por favor, por favor", o pior dos meus medos aconteceu, sim, era aquilo, o que podia acabar com minha tarde, sim era o temido, e odiado por muitos mas amado por outros, o polêmico FUNK, aquelas letras sem sentido, ridículas, e a"galera" delirava com aquilo, o que eu não entendi, eu respeito muito o gosto de qualquer funkeiro, ou alguém que o aprecie, mas minha opinião pessoal é que aquilo é simplesmente a mesma batida em todas as músicas, e as letras ridículas e repetidas, o cara pode ouvir seu funk feliz, mas, precisa MESMO envolver a praia inteira, acabando com o som do mar indo e voltando, o som das ondas fracas, o som dos pássaros que por ali sobrevoavam, acabando com a paz e serenidade do local? Bom, a resposta é sim, o que faltava, ele amarrar caixas enormes como de shows, o que já tinha visto em carros andando pela cidade tocando o mesmo funk.

É, como dizem, o que é bom dura pouco meus caros, então, não se engane, pois nem sempre as coisas saem como desejado, é assim, mas o pequeno tempo que eu fiquei na serenidade daquela praia, valeu a pena, e valeu muito a pena!

3 comentários:

  1. Cara, eu adorei essa sua crônica, me senti vivendo essa situação. Tá mandando bem.

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  2. Realmente às vezes é bom ouvir o mais absoluto silêncio!!! Grande sacada.

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  3. Gabriel,
    essa crônica está ótima mesmo! Uma super narrativa, com começo meio e fim, bem desenvolvida, e atenta aos detalhes, com ótimas sacadas.

    Parabéns,.

    atenção atenção:
    cadê as novas crônicas?

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